quinta-feira, 30 de abril de 2009

Mulheres Adultas (3)

A Libido tem limites. Cabe a cada um decidir como aplicá-la. "Se você se mantém ocupada o tempo todo, priorizando sempre outras atividades, ficará sem forças para o sexo", diz a psicóloga e terapeuta de casais Margareth dos Reis, do Instituto H. Ellis, em São Paulo. É um equívoco imaginar que o amor é suficiente para esquentar a cena sob os lençóis. "Manter a libido em alta depende de uma dinâmica apropriada. Para estimular a vontade de se tocar, de acariciar o outro e fazer sexo de modo não repetitivo, ou mecânico, é preciso cultivar a fantasia e continuar pensando no par como objeto de desejo".

Essa é uma forma de reciclar a energia sexual. Mulheres mais espertas já descobriram que as preliminares não começam na cama, mas bem antes. Preservam alguns rituais desde os tempos de namoro. Às vezes ligam para o marido só para dizer algo carinhoso, em outra hora deixam um bilhetinho romântico em sua agenda. Adoram sair com uma lingerie sexy - e deixam que eles as vejam se vestindo. O que excita o marido não é só sexo.

Se, no caminho para o supermercado, ele a levar para tomar café-da-manhã em um lugar especial, fique encantada, assim como vibre ao vê-lo ajudando os filhos com a lição. Preste atenção nos detalhes, sabendo que ele também a observa. O cuidado, a gentileza, olhar para o outro e se deixar olhar - aí está o gás da vida erótica. Esse combustível é reciclável e renovável. Cada casal pode descobrir o que funciona melhor. Só não vale desperdiçar ou interromper a produção de carinho achando que o prazer está garantido. Não está. Ele é fabricado todos os dias, por quem sente prazer em fabricá-lo.

Lembra o ginecologista Eliano Pellini, que a mulher já passou por dois momentos importantes no caminho da liberação sexual. O primeiro foi na descoberta da pílula anticoncepcional. O segundo veio com a entrada no mercado de trabalho - a independência econômica abriu caminho para escolher um parceiro sexual com base somente em critérios de satisfação afetiva e sexual. Agora talvez estejamos vivendo um momento de verdadeira revolução sexual, que consiste na busca feminina pelo prazer.

Isenta da obrigação de procriar ou de se vincular a um homem para que ele a ampare materialmente, resta à mulher a tarefa de se apropriar da sua libido. Afinal, o que é mesmo que ela deseja? À medida que assumir suas vontades (sem justificar suas decisões em nome do outro, seja do marido, seja da família), ela se tornará mais livre. Porque isso pressupõe autoconhecimento e autonomia emocional e sexual (e não apenas financeira). Dessa forma, a mulher se torna menos vulnerável à manipulação da opinião alheia. Sempre que isso acontece, fica mais fácil perceber o que aumenta ou diminui o seu apetite pela vida - e esse critério é útil para tomar decisões.

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