quinta-feira, 19 de março de 2009

Receitas Erradas (1)

Muitos relacionamentos começam com a receita certa para o fracasso. É o que acontece quando o amor é confundido com necessidade e busca-se alguém para suprir carências, preencher buracos emocionais e exercer o papel de “salvador” diante das dificuldades naturais da vida. Fazer isso é o modo de dar partida numa relação falida. O amor é um sentimento que começa pela aceitação e que leva em conta o outro - alguém com vida própria, com objetivos, limitações e um percurso individual em direção à sua realização.

Sem dúvida, podemos apoiar e nos sentir apoiados pelo companheiro. Às vezes, nada melhor do que descansar a cabeça no ombro de alguém, sentindo-nos amparados e queridos, simplesmente aceitando que façam algo por nós. Outras vezes, somos nós que nos transformamos naquele porto seguro, na proteção diante das dificuldades da vida. É a nossa vez de dar, de apoiar e fazer pelo outro. O que não podemos e não devemos, sob pena de fazer naufragar o relacionamento, é esperar que o outro se torne responsável pela nossa vida. Quando isso acontece, o amor - que é composto de abundância e plenitude - dá lugar à escassez e à mesquinharia.

Esperar que uma outra pessoa satisfaça nossas necessidades é querer transferir o intransferível, semeando uma colheita de frustração, ressentimento e separação. Assumir a responsabilidade pela própria vida é um dos primeiros passos para ser feliz no amor. Não há romance que resista às pressões resultantes de exigências, cobranças e expectativas irreais. Temos, todos, capacidade de estabelecer objetivos e de lutar por eles, de fazer escolhas e assumi-las, conscientes de que a aprendizagem da vida se faz passo a passo, através da própria experiência.

Atenção para não buscar num parceiro as qualidades que faltam dentro de si, empurrando para o outro a responsabilidade pelas próprias conquistas. Quem segue desejando que o outro seja a garantia da satisfação dos seus desejos envolve-se em relacionamentos de dependência, controle, competitividade e outros sub-produtos em que a energia negativa prevalece. Somente quando paramos de esperar do outro que ele responda às nossas dúvidas, que nos dê o que falta em nossas vidas e tome conta do que nos acontece, tornamo-nos preparados para viver um relacionamento maduro, onde o amor encontra espaço para crescer.

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