quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

O Amor como algo maior - Parte 6

Algumas das origens em nossas dificuldades de amar podem estar localizadas em nossa infância. Muitas vezes, se filhos de famílias com vários irmãos, alguém sentiu-se deixado de lado em alguma ocasião especial, ou, quem sabe, por toda sua infância, sem externar isso, ou sem, sequer, identificá-lo claramente. Aos pais cabe, sem dúvida, tentar dar a atenção merecida a todos seus filhos. Mas, por vezes, isto é deturpado por situações que fogem ao controle de todos.

Se temos, por exemplo, um jardim, onde plantas diversas crescem, algumas mais viçosas, outras mais frágeis, às vezes tomadas por pragas, a todas elas devotamos nossa atenção e cuidados, mas teremos que nos voltar a salvar as que apresentam maiores problemas. Isto não significa que estamos deixando as demais de lado. Mas, justamente, as que mais brilho apresentam, serão, provavelmente, as que receberão menos atenção. Teremos, se desejarmos salvar a todas, que nos voltar àquelas que exigem um carinho maior, um forte apoio, um olhar constante.

Estaremos cumprindo nosso papel de jardineiros dedicados, mas, inevitavelmente, prestando menos atenção do nosso tempo disponível àquelas que mostram ser as melhores, as mais fortes, e, no entanto, tão merecedoras de nossos cuidados quanto as demais. Com isto correremos o risco de criar “ressentimentos”. Afinal, o forte possui os mesmos sentimentos e necessidades do fraco. Apenas as transparece menos. Apenas, por natureza ou recursos próprios, se sai melhor frente às intempéries da vida.

E estaremos a repetir, em um simples jardim, os processos diuturnos que preenchem nossas vidas familiares. E que geram sim conseqüências. O tempo dirá se mais ou menos influentes na formação e na personalidade de cada um daqueles a quem ajudamos a formar. E só a maturidade poderá contorná-las, poderá amenizá-las. Quem sabe, quando nossos filhos também possuam seu “jardim”, e verifiquem que cada planta que o compõe exige deles um tratamento e um tempo específico.

Então, irão perceber que foram todos amados da mesma forma, cada um recebendo aquilo que estava a nosso alcance ofertar-lhes, de acordo com suas necessidades aparentes e com as possibilidades que dispúnhamos para fazê-lo. Não importa se por muito ou por poucos momentos, se de forma mais ou menos intensa, mas em todos os casos, de forma autêntica, cheia de dedicação e de esforço para que crescessem saudáveis. E este amor, que lhes foi passado irá refletir-se no amor que então estarão a passar aos outros.

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